quinta-feira, 27 de junho de 2013

Lembrado Pelo Destino: CAPÍTULO I: TOME CARTAS, TOME NOTAS

CAPÍTULO I
TOME CARTAS, TOME NOTAS

Sábado chuvoso, 15 de Janeiro de 1993. Sepultamento de seu filho.

Em 30 de Outubro de 1953 nascia Luiz Carlos Arruda em Goiânia, capital do estado de Goiás. Teve uma infância sem nenhuma atipicidade, e ao entrar na adolescência, por volta de seus 12 anos, estudando normalmente, Luiz Carlos começa a se tornar popular em seu colégio e passa a gostar daquilo, cativando cada vez mais pessoas e fazendo, todo dia, novos colegas e amigos.
Com 15 anos, definitivamente todo o colégio sabia quem era Luiz Carlos, que era bom nos esportes, destacava-se nas apresentações e tinham várias garotas como fãs.

Entre a adolescência e a juventude, Luiz Carlos perde alguns amigos e os vê em poucos meses esquecidos por aqueles que assim os chamavam: amigos.
Incomodado com aquilo, Luiz Carlos com seus 18 anos começa pensar em como fazer para que mesmo após sua morte ele fosse lembrado por muito tempo, como ele era naquele momento.
Fez estudos de estimativa de vida, e naquela época eram por volta dos 75 anos. Imaginou-se estando com os mesmo amigos, e sendo tão querido aos 75 e sorriu. Pensou em cultivar e cuidar de todas as amizades para aquele fim.
Mas e se houvesse algo que o impedisse de viver além dos 70? Sim, Luiz Carlos pensou nisso e inquieto, como sempre, ficou pensando em mecanismos para que se caso morresse, ninguém dele esquecesse. E após várias idéias, a que mais lhe aparentava razoável, ou que posteriormente lhe fizesse ter outra ideia melhor, foi escrever cartas. E certo dia, um dia próximo a esse da conclusão da ideia, começou a escrevê-las.
Cartas e mais cartas foram escritas, quase todos os dias, deixando desde simples fatos do dia até pedidos e supostos conselhos. Ele escrevia tudo como se já estivesse morto.
Passou-se um ano desde aquele pensamento, e já havia centenas de cartas escritas e a primeira ideia posterior advinda da ideia de escrever cartas foi a de ir à uma agência dos Correios e procurar saber se era possível programar para que as cartas fossem enviadas posteriormente, e assim o fez. Assim ele as deixaria no correio e anos depois elas começariam a ser enviadas. Mas recebeu a informação de que aquilo não era possível.
Um funcionário, de 29 anos, viu Luiz Carlos fazendo aqueles questionamentos à senhora atendente e ficou curioso. Foi falar...

- Ei, qual o motivo disso? De querer programar para que as cartas sejam entregues depois e não por agora? – perguntou José, o funcionário.

Luiz, que já saia do estabelecimento, virou ao ouvir José, e pensou e pensou...

- Por nada. Só uma curiosidade.

Saiu dali e ao andar alguns metros, repensou: “Será que aquele homem pode me ajudar?”

Voltou rapidamente e procurou José.

- Posso falar com você? Sou aquele cara que saiu daqui há pouco tempo, que perguntou sobre cartas programadas...

- Sim, sim... Pois não. Diga...

- Que horas você sai do trabalho? Preciso de algo e creio que você pode me ajudar.

- Do que se trata?

- É algo meio complexo e estranho, mas nada perigoso. É apenas sobre cartas programadas.

- Hum... Saio Às 19h.

- Posso te esperar aqui na saída?

José pensou um pouco, e motivado pela curiosidade concordou.

- Sim. Qual seu nome mesmo garoto?

- Luiz Carlos. E o seu?

- José...

- Ok. A gente se vê as sete José.

- Até...

Já eram quatro horas e alguns minutos quando Luiz saíra de lá. Chegando a sua casa e ficando lá por pouco tempo, Luiz, ansioso, saiu de volta, para esperar José. Seis horas...
A esperada hora demorava chegar, mas chegou.
Ao sair, José, que nem se lembrava tanto de Luiz, pegou sua bicicleta para ir embora, quando se lembrou. Olhou para os lados e viu Luiz Carlos se aproximando.

- Olá. Você está com pressa? – perguntou Luiz.

- Um pouco. Mas vamos lá, fale... Em que posso e ajudar?

- Ouça-me com atenção e não pense que sou louco, pois o que vou te contar é diferente, estranho e até um pouco ousado... Eu temo morrer e ser esquecido rapidamente, como eu vi acontecer com algumas pessoas. E escrevi e continuarei escrevendo cartas para que após a minha eventual, em relação ao tempo, porém certa morte eu possa ser lembrado. Resumindo é isso. Sei que não nos conhecemos e você pode muito bem ir embora rindo disso e nunca mais querer me ver, mas posso lhe adiantar que pagarei pelo que fizeres por mim e não lhe atrapalharei em nada. Seremos conhecidos apenas por nomes. Não quero sabe nada de sua vida.

José, obviamente, achou aquilo muita loucura e mesmo pensando que Luiz precisava de ajuda psicológica, resolveu atendê-lo, pois Luiz propôs dinheiro.

- Tudo bem. E como faremos isso?

- Tudo bem mesmo? Você acha que pode me ajudar? Como fará? Como programará as cartas para serem enviadas daqui a anos?

- Bem, você terá que confiar em mim, me dando as cartas, e na data que quiseres que elas sejam enviadas, eu as envio. Nisso terá o risco de eu morrer primeiro que você. Caso isso aconteça, nós, mantendo o contato, planejamos um lugar para que você pegue as cartas.

- Parece ser algo viável. Tudo bem.
Posso vir amanhã lhe trazer todas as que eu já escrevi?

- Sim. Apareça amanhã na minha saída e falamos sobre o pagamento, ok?!

- Fechado!

Despediram-se e ainda com dúvidas aflorando a mente, ambos foram embora.

Ao chegar em casa a ansiedade tomava conta de Luiz Carlos, e o que incomodava José era que ele não parava de pensar no jovem Luiz, com essa loucura das cartas.
Veio a noite, e ambos dormiram pensando no dia seguinte, cartas, dinheiro, vontade...

E assim amanheceu, correu-se as coisas demais, e eles se encontraram novamente, no fim do expediente, e Luiz Carlos, após acordar com José sobre o valor de modo de pagamento, entregou as cartas a ele, que as colocou em uma bolsa que ele levou especialmente para tal finalidade.

- Luiz, estudarei um bom lugar para guardar suas cartas e te falo. Creio que isso será breve.

- OK. Aqui está um adiantamento. Conforme eu escrever mais cartas vou lhe entregando e pagando.

Naquela época telefone era uma palavra nova, então eles trataram de anotar apenas endereço um do outro.
Foram embora e Luiz Carlos sentia aliviado com o feito.

Eram cartas endereçadas a amigos e amigas, eventuais filhos, filhas, esposa e aos pais...

O tempo corria e Luiz Carlos escrevia.

Começou uma nova época na vida do jovem, onde ele começou a zelar do futuro. Estudos e trabalho, posteriormente só trabalho, namorada...
Casou-se novo com uma de suas fãs da adolescência.
Garota linda de pela clara, cabelos escuros e olhos entre a claridade e a escuridão. Eduarda o fazia feliz.

Luiz Carlos tratava de manter o contato, ainda vivo, com todos os amigos que fizera. Era meio difícil, pois nem ele, nem os amigos tinham mais tanto tempo sobrando como antes, mas ele se esforçava.

28 anos, e se passaram 10, desde o primeiro encontro com José. Este amontoava cartas e mais cartas no lugar secreto combinado com Luiz.


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CAPÍTULO II: CURIOSIDADE, ABRA

(...)

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