domingo, 2 de setembro de 2012

Emergi ciência

Se você não se arriscar, você nunca saberá - ele disse.
E eu me arrisquei. Apostei todas as minhas fichas, como ele diria. Mergulhei naquele mar de amor sem medo, querendo ser feliz, sem me preocupar com a quantidade de oxigênio que me faltava. Restava pouco...

Ele sabia... Sabia que se não me levasse à superfície em tempo hábil, eu provavelmente jamais voltaria. Mas ele preferiu me deixar, na mesma onda, sem se preocupar... Me deixou por lá. Talvez ele tenha pensado: "Já já volto pra te salvar...". Talvez até tenha pensado nisso, mas pra mim foi muito egoísmo. Sim foi isso, foi tarde demais.

Ao vê-lo partir (sim, apesar de submersa, eu vi) eu pude sentir todo o oceano sobre mim. E enfim faltou ar. Senti o aperto no peito e o desespero surgiu. Ele foi e me deixou sem fôlego, sem forças, sem bote, sem cordas, sem boias... O amor, o desamor e sua falta de lógica.

E como estou aqui, é claro que emergi... O estado com que saí foi assim: fraca e nua... Despida de qualquer sentimento descritível. E aos poucos fui percebendo primeiramente os sentidos, depois os sentimentos. A falta de fôlego me trouxe a dor, mas a decepção pela partida dele proporcionou dor maior ainda, e consequentemente veio raiva, ódio e agonia. Lá estava eu, emergida enfurecida.

Restaram roupas de mergulho, guardadas a sete chaves ao cubo. Algo bem difícil de encontrar. E caso você venha me perguntar se nunca mais vou mergulhar, eu te responderei honestamente: não sei! Ainda guardo as roupas por conta da dúvida, mas admito que quis queimá-las.

E a conclusão de tudo isso é que agora prefiro traçar meu caminho, saber onde estou e pra ‘onde vou, pisar em terra firme, sem perigo de me afogar. Não quero depender de ninguém, não ser deixada pra trás. Não quero esperar nada, não quero nadar. Quero que as coisas venham, para haver lucro, e o que não vir não fazer falta.

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Ideia: Daniela Duailibe
Criação: Daniela Duailibe e Tyago de Paula

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