sexta-feira, 1 de junho de 2012

Claro

Apesar de minhas mãos não estarem mais trêmulas
Eu não conseguia mirar
Eu tinha vários alvos,
Mas minha dificuldade era priorizar

A munição não iria durar muito tempo,
E logo ia anoitecer
Não era uma questão emocional,
Ia mais além, beirando algo existencial

Questionando o tempo, a longo prazo ou fracionado,
Cada novo segundo surgia mais pesado
Fazendo crescer aquele fardo, apesar de abstrato
Baseando-me em fatos, sonhos e possíveis fracassos

E olhando pro passado, parecia que seria perpétua aquela aflição
Mas nisso morava uma contradição
A aparência parecia se encerrar quando vinha a lembrança
De que antes de anoitecer eu deveria acabar com aquilo, querendo ou não

Essa era a teoria, mas bobeira minha...
Em achar que eu não podia errar
Afinal,  eu não tinha só um tiro
E mesmo errando, eu ainda estaria vivo, e o melhor, munido

E por fim veio o crepúsculo e sua claridade limite
Trazendo resquícios da aflição, mas sendo balanceada com  uma súbita calmaria
E ao fim do dia, eu havia acertado algo que imperceptivelmente estava há muito tempo na minha mira...
Ousaria dizer que aquilo era uma obra divina

Nenhum comentário: