sábado, 19 de dezembro de 2009

Olho fundo

Acostumei com uma rotina de noites mal dormidas e dias acamados. Acamado não por conta de doença, apenas por passar a noite acordado. Em tempos de férias e feriados era, literalmente, noite por dia trocado. Às vezes, por isso, eu era, direta ou indiretamente, cobrado.
Vinham convites pra programações na tarde, e com minha noite em claro, eu padecia em ainda estar acordado. Mas não estou reclamando de nada. Fiz o que eu queria, sem tempo a perder, pois era a minha adolescência e era ali e daquele modo que eu queria viver.

Obviamente, em minhas noites, quase sempre eu era solitário, pois ninguém estaria disposto a quebrar a rotina apenas por me fazer companhia. Eu nem ousei convidar ninguém.
O tempo correu e em minhas noites de filmes, escritas e raras leituras eu fui criando meu caráter. Sem ver muita gente por um tempo, eu aprendi a ser solitário e mesmo assim sorrir. Aprendi a ser alegre sem compartilhar minha alegria com ninguém. Vivi assim por querer e prazer. Até eu querer estar na companhia de alguém. Sim, às vezes eu me apaixonava. E em uma dessas vezes eu me apaixonei pra valer. E é aí que mais pesava na quebra da rotina, pois eu queria vê-la, porém enquanto eu estava acordado ela dormia e vice-versa.

Disposto a tudo por um contato com ela, eu ia atrás e quando a via, eu devia ter uma visão diferente da natural, pois eu tenho olhos pequenos, e eles estavam fundos, e os dela eram grandes e claros, o que fazia a atração ser maior.

Impossível não querer revê-la depois de vê-la.

Vinham as noites posteriores àqueles dias com ela, e quem disse que eu dormia? Impossível, pois era inspiração o tempo todo, insônia como companhia, além de eterna lembrança da menina.

Foi indo de encontro em encontro, primeiro, segundo e terceiro beijo e o meu olho clareou. Caí em outra rotina e nessa eu tinha companhia.
Antes eu estudava na parte da manhã, que pra mim era o fim da noite, dormia a tarde e ficava acordado na madrugada. Naquele momento eu já trabalhava, vê-la eu ansiava, e nos estudos eu me formara.

Com o passar do tempo, uma pergunta eu formulava e temendo a resposta, todo dia eu adiava. Até perceber que se eu não a fizesse eu voltaria a estar só, e desde o dia que meus olhos clarearam através dos dela, eu senti uma descoberta de que ninguém é totalmente feliz sozinho. Então eu propus a ela casamento e filhos. Naquele momento ela olhou bem fundo em meus olhos e disse: ... (sorrisos)

2 comentários:

Talita disse...

???????

pampers disse...

UAAAAAAAAAAAAAAL

parece aqueles finais de filme que vc tem a ansia de saber o final XD

a primeira vista, parece que o roteirista esqueceu alguma coisa. MAS ele só quer deixar aquele gostinho.

e o charme esta justamente aí.

XD

--dia pela noite. ual, que coragem.
:D