Ousar
idear e valorar.
Palavras que não existiam nos meus vocabulários, no de aspas e no literal.
Hoje faço coisas que antes minha mãe fazia.
Mãe sempre faz mais, nunca igualarei a tal.
Hoje tenho idéia diferente sobre mãe e sobre a minha mãe.
Hoje dou mais valor, ou só hoje dou valor!
Quando criança, e de vocabulário escasso, eu era bem mais feliz
Quando ia à igreja, tocava e sorria, com tamanha euforia, que me felicito em lembrar
Como a tempos não ouso, ideio ou valoro, quero hoje ousar e dizer o que nunca disse, idear e fazer um texto, valora-lo e um dia levar minha história ao cinema!
Ousei, ideei, criei e valorei.
Quando fui visitá-la estavas como nunca a vi
Senti pena e medo
Medo de te ver daquele jeito por mais tempo, medo de ter mais medo, medo de me chamarem, pois escondido entrei e por lá fiquei até que me mandassem sair.
Quando me aproximei você me disse as palavras que sempre dizia em momentos aflitos: "Meu filho, eu vou morrer!"
Ignorei, como sempre fazia, pois você nunca partia. E eu nunca imaginava chegar esse dia.
Com mais medo fiquei, mas não demonstrei e disse:
"Que isso ou, daqui a pouco você estará em casa!"
Mas você voltava a me amedrontar:
"Meu filho vai pra igreja e cuide do seu irmão."
Coisas que me deixaram trêmulos, não sei como, pois estas palavras já tinham sido ditas anteriormente por ti e eu não temi.
Saindo de lá, com uma garota a me acompanhar, está que até hoje comigo está e você não a conheceu como queria eu à apresentar, fui dizendo coisas pra desabafar:
"Cara, se minha mãe for eu não sei não..." E dizia coisas ateias, como uma "blasfêmia" prévia que andando uns 150M me arrependi. Passei por um vendedor ambulante que em seu carrinho dizia algo mais ou menos assim: " O amanhã pertence a Deus."
Bateu o arrependimento e outro momento estranho passei. Senti naquela hora, um consolo prévio.
O inevitável aconteceu, porque o amanhã pertence a Deus!
Mamãe faleceu!
Consolado eu estava, pois Deus comigo estava. O Proprietário do hoje, porque isso foi "ontem", e dos amanhãs...
Vendo essa frase hoje, posso melhor entendê-la:
" Ao nos aproximarmos da morte sentimo-nos mais perto de Deus, como se a distância não fosse a mesma. "
Carlos Drummond de Andrade
Ele sempre esteve perto de ti, e me falavas que partiria...
Eu não acreditava!
Eu não queria!
Ousada fostes, idéia errada eu tive. E hoje dou valor diferente às flores!
3 comentários:
É parceiro mãe é mãe.....
[]s L.Sakssida
cmo eu já havia dito.. ficou LINDA a postagem...
Tyago,
Não tenho palavras para descrever o quanto esse poema me tocou.
me fez pensar
e como vc diz, 'dar valor'.
muitas vezes na vida a gente critica sem motivo, critica apenas por discordancia, por querer ser rebelde. mas esquecemos que um dia ela nao estará mais lá. nem nós. nem ninguem proximo quando a hora de cada um chegar.
nao posso descrever a dor da perda de uma mãe, mas posso descrever a dor de uma perda.
alias, essas coisas a gente nao precisa descrever.
é dificil, nao consigo lidar muito bem com isso.
voce sabe que tive uma perda recente, uma amiga de infancia que foi morar ao lado de Deus tão cedo.
mas para mim, e para muitos, ela ainda está presente.
-para quem acredita, de fato está.
meio sem sentido esse comentario.
completamente confuso.
confuso igual a dor da perda.
mas gratificante por saber que os que se foram, com certeza estão num lugar BEM melhor do que nós.
Obrigada, por mais uma vez, me fazer pensar em coisas tão PRESENTES, mas tao ESQUECIDAS ao longo do dia.
beijo grande e forte abraço,
OU
beijo forte e grande abraço.
como queira :)
paamps~
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